Aleluia! Amém!
"Aleluia: Salvação, e glória, e honra e poder pertencem ao nosso Deus" (Ap 19.1).
Um homem viajava de navio em um país cuja língua não sabia; por isso não podia conversar com os companheiros. Amanheceu o domingo, ele teve saudade da Escola Dominical de sua Igreja e desejou encontrar um crente no meio daqueles passageiros, para recordar o ambiente da convivência cristã. Mas a língua era um obstáculo. Passeando dum lado para o outro no convés, viu um homem lendo uma Bíblia em língua desconhecida para ele. Passou pela frente do homem que estava sentado, atencioso à leitura, procurando falar com ele. O que lia não desviava a atenção da Bíblia, nem olhava para o outro. O que desejava conversa teve uma idéia, parou perto e exclamou: "Aleluia!" O outro respondeu: "Amém".
Estas duas palavras estão em todas as línguas, e são conhecidas por todos os crentes de todas as nações da terra.
Na linguagem do cristianismo elas têm o sentido duma expressão da alma e do coração de quem está pensando em Deus e na comunhão com Ele.
São exclamações produzidas pelo reconhecimento da intervenção do poder de Deus nos acontecimentos de nossa vida. Efeitos da identificação do crente com a vontade de Deus, e devem aparecer nos lábios como resultado da condição íntima dum coração submisso ao Senhor e dominado pelo desejo de crescer na graça de Deus.
Jesus chama de hipócritas os que o honram com os lábios, mas têm o coração longe dele (Mt 15.8; Is 29.13). Por isso é bom ter cuidado em pronunciar estas palavras. Se saírem só dos lábios, expressarão hipocrisia, o pecado mais condenado por Jesus no Novo Testamento (Ver Mateus cap. 23).
Quando alguém grita "Aleluia'' sem a gratidão a Deus, sem a alegria e a paz pelo reconhecimento da bênção do Senhor, será hipócrita aos olhos de Jesus. Ou quando uma pessoa diz "Amém" sem concordar com a vontade de Deus, sem desejar de coração que se realize o pensamento da mensagem ouvida, ou da oração do irmão que está ao lado, estará aumentando seu pecado, pela leviandade da palavra.
ALELUIA e AMÉM são manifestações de testemunho e de louvor ao Senhor Deus, dos que estão em comunhão com Ele. São também motivo de condenação para quem as pronuncia só com os lábios, sem o propósito de Deus, e sem o cultivo do amor fraternal. "...Por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado" (Mt 12.37).
É importante conhecer o significado destas exclamações no livro de Apocalipse, onde aparecem com um sentido especial e uma aplicação diferente das dos outros livros.
ALELUIA, com a forma de interjeição, manifestando uma exclamação súbita da alma, só aparece em Apocalipse 19 (vv 1,3,4 e 6). Quatro vezes foi pronunciada pelos remidos, vibrando de alegria e gratidão a Deus pela condenação da grande prostituta.
O vocábulo é transliterado do hebraico, onde aparece, não como interjeição, mas formando uma sentença completa, apresentando um conselho ou exortação. A exortação é "Louvai ao Senhor", que vem no livro de Salmos, do 104, até o 150,um pouco mais de vinte vezes.
A palavra hebraica é ”HALLELUIAH'' e pode ser analisada em seus três elementos.”Hallel" é do verbo Hallal, que quer dizer "louvar"; u (vav, com um ponto à esquerda no meio da altura) é o sufixo, indicando a 2ª pessoa do plural, imperativo; e iáh, abreviatura do nome Jeová, Senhor.
O emprego desta frase revela o sentimento do servo de Deus, que está perto dele, tão satisfeito com a presença do Senhor, que deseja que seus companheiros e vizinhos experimentem a mesma felicidade. Animado por este amor fraternal, aconselha: "Louvai ao Senhor". Assim, na linguagem do Salmista não podia existir uma exclamação rápida de alegria na palavra Aleluia; porque esta era empregada para convencer as pessoas descuidadas a experimentarem a doçura da comunhão com o Senhor. Tinha de ser por extenso. "Louvai (vós) ao Senhor".
Não aparece nos profetas, nem nos Evangelhos, nem nas epístolas. Soem Apocalipse, e dirigida somente a Deus, num louvor de quem se alegra com a vitória do Cordeiro de Deus sobre todo o mundo. E depois de julgada Babilônia, como força mística e força política. Só faltava aplicar as últimas sentenças (Áp 19.20; 20.10e 20.15).
O motivo da Aleluia era: "Já o Senhor reina" (v6).
A Igreja não estava mais aqui no mundo, não havia mais ambiente para evangelizar ou para ser testemunha de Jesus como em Atos 1.8. Só então é que tem lugar na Bíblia a interjeição: "Aleluia".
Nosso pensamento pessoal é que só naquele tempo é que poderemos usar biblicamente esta palavra. A Igreja está incluída em 19.4, nos "vinte e quatro anciãos".
Os apóstolos eram judeus e porque, em suas epístolas, nunca aparece "Aleluia"? Paulo falava o hebraico em seus discursos para os judeus (At 22.1), e não usava esta palavra em suas cartas. Apresenta verdadeiros hinos de louvor e exaltação a Deus (Rm 8.31 a 39; 11.33 a 36), mas, quando quer agradecer as bênçãos do Senhor, usa, por extenso, a frase na língua em que se dirige aos irmãos: "dou graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor" (1 Co 15.57). Estas duas últimas passagens se referem exatamente ao louvor a Deus pela vitória do crente pelo poder de Jesus Cristo.
Pedro em sua primeira carta trata da esperança, e na segunda enfatiza a vinda do Senhor. Tiago se ocupa com o cristianismo prático, as obras para provarem a fé. Judas, num só capítulo, abrange assuntos profundos sobre o juízo de Deus; João expõe, com toda ênfase, a divindade de Cristo e o amor fraternal, porém em nenhum deles vem a palavra “Aleluia". Até o próprio João, que a usou em Apocalipse 19, a omitiu em suas Epístolas. Esta palavra só deve ser pronunciada com toda a reverência. Se o crente estiver dominado pelo sentimento de gratidão a Deus, de alegria pela vitória sobre os inimigos espirituais, grite: "Graças a Deus!" ou cante louvores a Deus (Rm 6.17; Cl 3.16; Tg 5.13). Referências a ação de graças:
"Graças Te dou, ó Pai... (Mt 11.25). "Dou graças a Deus... (1 Co 1.14). "Em tudo dai graças" (1 Ts5.18). "Devemos dar graças a Deu s por vós" (2 Ts 1.3). "A oração e súplica em ação de graças" (Fp 4.6). De acordo com as duas últimas passagens acima, devemos, em nossas orações individuais, estando a sós com Deus, mencionar as bênçãos, com um reconhecimento sincero e uma gratidão que expresse consagração, humildade e submissão.
AMÉM é diferente de Aleluia, porque aparece mais de setenta vezes em toda a Bíblia. Vem nos livros da Lei, nos Profetas, nos históricos, nos Salmos, nos Evangelhos, nas epístolas e no Apocalipse. O livro onde está maior número de vezes é Deuteronômio, com doze, depois Apocalipse com dez; Amém que dizer: "assim seja", tem o valor duma oração ou sentença optativa. Seu emprego em geral é uma exclamação de apoio, é interjeição. Na língua hebraica tem o sentido de "verdade", ou "verdadeiramente". Vem com este significado no começo da frase, como foi empregado por Jesus no Evangelho de João: "Em verdade, em verdade vos digo..." (Jo 1.51; 5.24; 6.32,47). No hebraico e no grego é: "Amém, Amém..."
Também é usado o Amém como substantivo: "como dirá., .o amém sobre a tua ação de graças...?"(1 Co 14.16) e é nome próprio, porque é um título de Jesus Cristo, significando o verdadeiro,”isto diz o Amém" (Ap 3.14). Com este sentido, só o Apocalipse usa.
No final de quase todos os livros do Novo Testamento, vem o Amém. Só não há em Atos, Tiago e 3 João, nem no conteúdo, nem no fim. Concluindo cada livro, o autor incluía o Amém, querendo dizer: "isto é verdade" e "seja cumprido o que foi dito aqui". Amém: verdade e assim seja.
Julgamos poder entender sua ausência no final de Atos e Tiago. O primeiro é a história da Igreja vivendo o Evangelho e evangelizando o mundo. A história em Atos não terminou. Seu final mostra Paulo durante dois anos detido, num quarto que alugou, pregando a todos (Atos 28.31). Não diz como e quando saiu dali. É incompleta, porque a obra da evangelização ainda não terminou. Só pode levar o Amém quando Jesus vier.
Tiago trata do cristianismo prático, mostra que não tem vida uma religião de palavras, dizer que crê em Deus. O crente tem de viver sua fé, praticar as boas obras para glorificar a Deus, até a vinda do Senhor. Se esta missão ainda não chegou ao fim, ainda não pode ter o amém.
Sobre 3 de João, confessamos que nunca encontramos explicação. As outras epístolas todas, de Romanos a Judas (exceto Tiago como foi dito), dirigidas às Igrejas, aos crentes em geral, ou a indivíduos, concluem o Amém. Não sabemos porque João deixou de colocá-lo, tendo colocado nas duas primeiras e no Apocalipse. Se algum irmão encontrar a razão disto, gostaríamos que nos comunicasse para sabermos também.
Significado do Amém
1) Amém é o ato de concordar com Deus
a) Quando a palavra de Deus faz referência ao nosso pecado. A mulher dizia "Amém, Amém", concordando com o castigo de Deus, no caso de ser culpada (Nm 5.22).
b) O povo devia responder "Amém'', quando Deus pronunciava a maldição sobre os que pecavam (Dt 27, doze vezes).
c) Diante da mensagem de Deus convidando o povo para a conversão e o perdão (Jr 11.5).
2) Amém é a manifestação de alegria pela obra do Senhor
a) Quando Davi louvou a Deus por ter trazido a arca para Jerusalém, e compôs um cântico de ação de graças, todo o povo disse: "Amém", e louvou ao Senhor (1 Cr 16.36).
b) Quando Esdras leu o livro da Lei e ensinou ao povo os caminhos de Deus, louvou ao Senhor, e todo o povo respondeu: "Amém, Amém!" (Ne 8.6).
3) Amém é demonstração de amor fraternal e cultivo da união do povo de Deus
a) no tempo dos apóstolos era costume os crentes dizerem Amém, acompanhando as orações dos irmãos (1 Co 14.16).
b) Quando Neemias aconselhava o povo a deixar o pecado e reformar a sua vida espiritual, toda a congregação respondeu: "Amém!" (Ne 5.13).
4) Amém é Jesus Cristo (Ap 3.14)
Na carta dirigida a Laodicéia, a igreja rejeitada por Deus, Ele é o Amém, o Fiel e Verdadeiro (Ap 19.11), que reprova os que não andam conforme seu ensino, mas dá uma oportunidade a quem quiser abrir a porta do coração. Quem abrir terá comunhão com Ele, “com ele cearei e ele comigo", e se sentará com Ele no trono para reinar (vv 20,21). Amém quer dizer verdade. Jesus cristo é a verdade (Jo 14.6). Amém quer dizer assim seja. Jesus Cristo é quem tem o poder de ordenar as coisas e realizá-las.