Os mistérios de Deus
"Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus" (I Co 4.1). Com a missão de divulgar a mensagem do Evangelho, o crente é um administrador dos mistérios de Deus. Na parábola dos talentos (Mt 25.14-30), os servos receberam valores do seu senhor para negociarem e produzirem lucro. Assim nós recebemos de Deus a riqueza espiritual para administrar dum modo que seja proveitoso a nós e aos outros. “Medita estas coisas e ocupa-te nelas, porque fazendo isto te salvarás, tanto a ti mesmo como àqueles que te ouvem" (1 Tm 4.16). Os apóstolos pediram a Jesus explicação sobre a parábola do semeador (Mt 13.11), e Jesus respondeu: "A vós é dado saber os mistérios do reino dos Céus". Deus sempre revela a sua vontade aos que desejam conhecer melhor os deveres espirituais. Abraão, servo fiel e obediente, foi informado sobre o castigo de Sodoma, quando Deus disse: "Ocultarei eu a Abraão o que faço?" (Gn 18.17,18). Outras passagens bíblicas afirmam este fato. "O segredo do Senhor é para os que o temem..." (SI 25.14a). “Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas" (Am 3.7). "Há um Deus nos céus que revela o segredo..." (Dn 2.28). “...Tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer" (Jo 15.15). A palavra mistério no sentido clássico quer dizer "segredo religioso" ou coisa incompreensível que só é conhecida pelos iniciados no assunto. Nas Escrituras Sagradas, sua definição é bem diferente. Expressa aquilo que só Deus pode revelar, assuntos que foram anunciados no Antigo Testamento e permaneceram obscuros durante séculos, mas foram esclarecidos com a vinda de Jesus, realizando a obra da salvação, e cumprindo as profecias e a Lei. As doutrinas do Evangelho são os mistérios que os antigos não entendiam e agora são reveladas aos discípulos de Jesus que a Ele pedem sabedoria. O homem, em seu estado natural, não compreende a mensagem da salvação, que lhe parece loucura, mas quem se submete à direção do Espírito Santo entende. "...Esse [o Espírito] vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito" (Jo 14.26). Os mistérios de Deus são mencionados nas epístolas de Paulo 21 vezes, e expressam vários aspectos do plano da redenção em Jesus Cristo.
1. O mistério de Deus - Cristo (Cl 2.2; 4.3) A encarnação de Jesus Cristo, a sua pessoa divina e humana e o poder de sua morte para regeneração do pecador são pontos incompreensíveis para a mente humana. "Pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos, mas para os que são chamados... poder de Deus, e sabedoria de Deus" (1 Co 1.23,24). Paulo se esforçava para que os colossenses e os laodicenses compreendessem melhor o mistério de Cristo (Cl 1.1,2).
2. O mistério do evangelho (Ef 6.19) O plano da salvação pela graça de Deus, estendendo o perdão aos pecadores que não merecem é incompreensível ao raciocínio do homem, mas para nós que cremos é uma notícia que nos dá satisfação e segurança.
3.0 mistério da vontade de Deus (Ef 1.9) “Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor" (Is 55.8). Deus executa sua vontade em relação ao mundo, oferecendo seu perdão, e aos crentes, entregando-lhes uma tarefa para ser realizada durante esta vida. Paulo recebeu a revelação da graça de Deus para ensinar aos outros crentes (Ef 3.3,9; Cl 1.26,27), a fim de conhecerem o valor das riquezas espirituais que possuímos por meio de Jesus Cristo.
4. O mistério da igreja (Ef 5.32) Os remidos pelo Sangue de Jesus Cristo formam um povo espiritual, que é a Igreja de Deus, que está neste mundo para tornar conhecida a graça do mesmo Deus. A Igreja é chamada a noiva do Cordeiro (Ef 5.25-27; Ap 19.7,8,21). Os que aceitaram o Evangelho foram salvos, e serão glorificados, tornando-se a esposa de Jesus Cristo.
5. O mistério da fé (1 Tm 3.9) Ter fé é crer na existência de alguma coisa que não pode ser provada pelos sentidos. É a certeza de recebermos as coisas esperadas ou a realidade do que é invisível. A fé é a confiança na lealdade de alguém. Por meio da fé estamos guardados (1 pe 1.5). A fé produz alegria (1 Pe 1.8); esperança (1 Pe 1.21) e santidade (At 26.18). O crente anda pela fé (2 Co 5.7); vive pela fé (Gl 2.20); e vence o mundo pela fé (1 Jo 5.4).
6. O mistério da piedade "Sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória" (l Tm 3.16). A piedade é o amor e respeito pelas coisas religiosas. E também a compaixão pelos sofrimentos alheios. Deus manifesta a sua piedade porque tem misericórdia de nós.”Não nos tratou segundo os nossos pecados" (SI 103.10). Jesus Cristo demonstrou sua compaixão para com os sofrimentos alheios quando se entregou ao sacrifício da cruz para nos dar a salvação. “A piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir" (1 Tm 4.8).
7. O mistério da vinda do Senhor (1 Co 15.51) “Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir" (At 1.11). “Os homens maus não entendem o juízo, mas os que buscam ao Senhor entendem tudo" (Pv 28.5). Jesus prometeu vir buscar os que lhe pertencem, e nós devemos estar preparados para este acontecimento, de tal maneira que sejamos aprovados por Ele. Primeiro os crentes serão arrebatados num abrir e fechar de olhos (1 Ts 4.13-17; 1 Co 15.52), depois Jesus aparecerá em glória, trazendo os seus santos, para julgar o mundo (Mt 24.30; 1 Ts 4.14; Jdl4;Apl9v.ll-16). Os incrédulos acham isto impossível, pensam que o mundo continuará sempre como está e que Jesus não voltará mais aqui porque foi rejeitado no passado. O crente espera, confiando na promessa do Senhor Jesus, porque a sua vinda é um estímulo para o testemunho do Evangelho, é motivo de vigilância diante da brevidade da vida, e é uma consolação para as provações que vêm sobre nós. "Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor" (Mt 24.42). "Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras" (1 Ts4.18). A vinda do Senhor é mistério para os incrédulos, mas para nós, os crentes, é a viva esperança que Deus nos concedeu (1 Pe 1.3). “Nem os olhos viram, nem os ouvidos ouviram, nem jamais penetrou no coração humano o que Deus tem preparado para os que o amam. Mas, Deus no-los revelou pelo seu Espírito" (1 Co 2.9,10).